sexta-feira, 18 de maio de 2012

Bate-papo com Guilherme Carvalho, candidato a presidente do Sindijor-PR

Jornalista-editor no Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Curitiba (Sismuc), o curitibano Guilherme Carvalho, 32 anos, também é mestre pela UFPR e doutor em Sociologia pela Unesp, tendo se formado em jornalismo pela UEPG. Cursa pós em Comunicação, Cultura e Arte na PUCPR. Confira a conversa entre ele e o atual presidente do Sindijor, Marcio Rodrigues:




Márcio Rodrigues: Qual sua opinião em relação a obrigatoriedade do diploma de jornalismo para o exercício da profissão?
Guilherme Carvalho: Esse é um debate que precisa ser aprofundado pela categoria. Hoje, no mercado de trabalho, temos jornalistas formados (que são a grande maioria) e alguns que são provisionados ou com registro sem diploma (principalmente no interior). Eu entendo que o Jornalismo é uma profissão que exige responsabilidade, ética, compromisso com a sociedade, entre outros requisitos fundamentais para o profissional da área. Por isso, precisamos de critérios para a seleção de profissionais e essa seleção deve ser feita pelas faculdades e universidades. Não digo que não hajam bom jornalistas atuando sem diploma, mas isso é minoria. O grande problema da queda do diploma, no meu ponto de vista, é a precarização das condições de trabalho e a tensão pelo rebaixamento e desvalorização da profissão.

MR: Quais os principais problemas dos jornalistas paranaenses atualmente?
GC: É difícil responder isto porque em cada lugar há uma demanda diferente. Nas questões gerais, eu diria que é a falta de regulamentação da profissão e o descumprimento de direitos da convenção coletiva de trabalho por parte de alguns empresários e políticos, como a jornada de 5 horas diárias, o piso salarial da categoria, entre outras questões. Outra questão geral diz respeito à falta de emprego na área. Precisamos debater alternativas para a geração de emprego, sobretudo com o avanços das novas tecnologias. Nas específicas, podemos listar as políticas de meta e produtividade, a exploração do estágio, o desvio de função de jornalistas em rádios e de repórteres fotográficos em tevês, a multifunção, além da falta de condições adequadas de trabalho em alguns locais.

MR: O Sindijor conseguiu dois pequenos aumentos reais no piso salarial nos últimos anos. Como garantir este crescimento para os próximos anos?
GC: Essa questão passa pelo principal desafio da próxima gestão, na minha opinião. Ou seja, precisamos desenvolver atividades que envolvam os jornalistas paranaenses, de modo que o sindicato esteja cada vez mais forte.  Eu entendo que só é possível avançar nas negociações quando a categoria garante legitimidade para seus representantes. Então, sem os jornalistas, o Sindijor não é nada. Isso passa por debate, mobilização e abertura de canais de participação. Não vamos fazer nada que não tenha sido aprovado pela categoria. E o nosso principal fórum será sempre a assembleia. Pra mim, representação rima com legitimidade. O sindicato não sou eu ou o prédio. O sindicato somos nós, jornalistas.  

MR: Além do Prêmio Sangue Novo e do Sangue Bom, o que esperar desta gestão no que diz respeito a eventos?
GC: Esses prêmios já viraram referência nacional e não vamos medir esforços para manter a tradição destes eventos. Além disso, temos também o desafio de realizar o congresso dos jornalistas, o torneio de futebol, que queremos que tome caráter estadual, e ciclos de debate ou seminários para abordar o exercício profissional.

MR: Como avalia as gestões anteriores do Sindijor?
GC: Nestes últimos anos tenho percebido avanços significativos como resultado da organização dos jornalistas. Participei da gestão 2003-2006 e posso dizer que os últimos anos têm sido marcados por conquistas. Nesse sentido, pretendemos dar continuidade ao que vem dando certo. Por outro lado, sabemos que ainda há muito que avançar e que em muitos locais ainda temos problemas sérios que precisam ser resolvidos. Isso só ocorrerá se os jornalistas se perceberem como o próprio sindicato. Precisamos trazer para o sindicato aqueles jornalistas que estão dispersos, como os de assessorias, das redações menores, os recém-formados e também os estudantes. Nossas conquistas dependerão da nossa capacidade de participação.

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